terça-feira, 7 de setembro de 2010

Implantes

Na implantação de uma alma
roupa é a ultima preocupação.
São implantados ventos ideais,
baús desejosos
fogos desejosos
frios impiedosos e muitos mais
osos que possamos imaginar.

Mas na câmara do coração jazem mais
segredos, mais tenores de pequenas vozes
arquitectos de desenhos imperfeitos.

Que jaz na minha alma implantada?
O sonho. Sonhar para mim será o viver e vivo
sonhando um vivido sonho.

sábado, 4 de setembro de 2010

Somente pulsar

Pulsantes sensações inebriam o que queres
e o que te trai é a traição do desejo feito de fogo
Que descai o manto frio que pareces ter.

Para. Tudo para em sibilantes momentos
em que cerras um dos mil punhos que abriste
em socorro de quem te dispensaria.

E nesse caminho manchado decides ponderar
que não há mais escolhas ou folhas a virar
apenas a certeza que o teu egoísmo deve reinar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Olhos de neblina

No fogo que sinto, só sai fumo
da inevitável e saudosa neblina
que preenche este olhar.

Olhar em frente seria ver a faisca
que nasce todos os dias, faísca esta
que só existe porque as personagens desta vida se alinham.

Quem és tu? Fumo de meus olhos,
Fogo de meu ser,
Faisca de meu viver
senão um manto que nao me guia?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Corpo, ardor, Gemido.

Será que sentes o ardor
de quem grita por esse corpo?
Ou finges surdez em momentos
que são somente culpa tua?

E na insinuação, na provocação esperas ser
uma luz escura neste paraíso perdido
feito de asas de luxúria
que dançam sobre os céus da perdida tortura.

Como que um gemido,
esperas fazer sentido
onde já nada o faz e deixou de fazer.
E as tuas cores serão transparentes
para quem mais nada sentir
em petulantes pensares
feitos de quem quer pedir.

Pedem um fim
a tua tortura
a tua falsa ambição de transmitir ternura.

Pareço.

Sinto o tocar da água entre meus dedos,
meus longos e secos dedos
sedentos de aguas de tom bege
que se escondem na frescura do teu sorrir
na ternura do teu olhar.

Quero fazer uma música contigo,
tua voz dará melodia
aos pequenos olhares que troco
aos pequenos pensares que cismo
ter sem receber troco
de algo parecer.

Se parecer algo
pareço um louco que nada tem
mas tudo quer.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vaso

Segurei um vaso pensante,
um vaso de vale petulante
que pensava em como me mostrar
o que há.

Olha, são poucos os momentos em que
sigo desígnios, que arrisco em conflitos
senão os meus. Todavia desejo ser conflituado
por esse pequeno momento indagado
que me desejas mostrar.

Para onde apontas, vaso do destino
cujas verdes e amarelas rosas de terra
desejam afastar-se?
Que lugar é esse
tão feio, tão coeso de realidade
que até a beleza tenta escapar?

Existe o belo no real?
Ou seremos nós realmente feios
de ângulos e abreviaturas,
de nomes pomposamente atribuídos
pelo ruminante mascar do tempo?

Meu nome?
Não o sei, e prefiro não o conhecer.
Prefiro ser livre, sem atributo
onde o tempo nasce e morre ao mesmo tempo
e fita o sol e a lua
a luz que perdura pelo pequeno momento
em que atrevo
a sonhar mais uma vez
um pequeno suspiro soltado por minha
boca muda,
um pequeno suspiro onde jazes tu.

Aqui sim... Sei para onde me apontas,
e por isso deixo-te cair para o inevitável mole
para o inquebrável sul do meu corpo.

Se te partires é porque não achas-te motivo,
não conseguiste ser força.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dispensa-se.

Nesta sala que desconheço tudo é movimento,
não exista algo que não seja derrapado para outro lado
para outro canto solitário, para outro meio solidário
para outra vontade que senti.

Como uma pequena concha no fundo do mar,
sinto eu o olhar que me tenta procurar
como se os deuses adivinhassem que da pior
forma parti.

é o burburinhe dos empurrões
no esclarecer das opiniões
Que dispenso.

Dispenso Deuses que se fazem sábios
porque sabedoria não cura vaso partido,
remendado, atirado contra o almofadado chão
da minha inexperiência.

é o burburinho... que eu deixo que seja.

Culminar

Por mais tempo que passe nesta terra
dir-te-ei que foste meu céu,
onde de tudo respirei em breves momentos
senti que iriam culminar.

E penso em alcançar-te meu anjo,
eu caído continuo a caminhar
por aquele momento que eu sei
que existe se lutar.

Um momento onde não há pensar,
não há mais nada senão um toque
que iras sentir.
Um coração que bate pelo que foi quebrado,
um coração que não desiste de amar,
uma vontade que nasce do sonho
que foi e sempre será
a força que existe por te amar.

Onde tudo foi feito para ser quebrado,
e tudo será pelo tempo
gostaria que nunca fosse quebrado
o que sinto quando penso em ti.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Asa única

Numa asa que sai de minhas costas,
voa nela o meu sonho
voa nela minha força
tão leve e normal.

Ela bate, contra um céu de incerteza
que se espelha ao meu lado,
perfeito e desfigurado
daquilo que é real
daquilo que é normal.

E eu voo, num movimento complexado
que só eu posso entender agora.
Porque minha asa, tem força de mil
e mais nada fica igual.

Porque me deito nesse céu
desenho nesse perfeito
momento de duvida
um sorriso,
que tento esboçar
que tento abraçar
para mais nada sentir.

Esta asa, voa em cada momento
que meu coração o bate aqui,
aqui tão pertinho de ti.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sonhar é atrever

Sonhar é um atrever sem fazer,
é um esperar alcançar
é um desesperar por não ter...
Faz-me tela de teus sonhos
aqui neste bocado de terra sem cores
Que a mais, tem só de dores
A tua ausência é
mundo desprovido de odores
Que me mostram quem sou... oh...

Feliz, serei feliz ,mesmo já o sendo,
Serei feliz por me perder em braços
que não conheço
mas me entrego sem sombra de dúvida pintada
De odores que não conheço,
De dores que não sinto
de felicidade que existe.

Sonhar faz-me feliz.
Sorrio ao sonhar contigo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Passos em Paços

No meu barco,
no meu alto barco que navega suavemente
como uma pena em água
perco-me com fragrâncias que
suspiram do teu olhar.

Neste barco,
neste meu barco que flutua gentilmente
há um desejo todo feito
de te encontrar
em terra enxuta de saudade,
desprovida de espaço e olhares
que não se cruzam.

Em pequenos passos
nos paços da cidade
da tal terra enxuta de saudade
irei abraçar-te.
É tudo questão de tempo...
Tudo é areia que me corre por entre os dedos
porque não espaço para mais.
em Minhas mãos seguro ternamente
o que sinto por ti.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Pequeno Desenho

Sopram ventos de todas as direcções.
Sopram suaves ventos
de pequenos momentos
onde me limito a desenhar.
Um esboço
perder-me em ti, em luzes
de palavras numa voz terna,
tão meiga como um afagar de cabelos
ou um suspirar suave...

E nesses sopros tento enternecer,
o pequeno sorriso que despertas em mim.
A grande vontade que acordas,
como gigante preso em tão pequeno corpo...

Desenho com cuidado,
nunca tive jeito para rabiscar
e estou cansado de tanto andar a apagar,
de tanto arredondar
para ficar tudo tudo perfeito:
Um desenho imperfeito
feita de perfeita vontade
de te mostrar
o que penso,
o que imagino ou sonho ser
o que será momento tão feliz da minha vida.

"Olha.."digo eu enquanto levanto
este meu pequeno rabisco de nós dois
abraçados, a sorrir.

domingo, 4 de abril de 2010

Vislumbres

Vejo em vislumbres muito pequenos,
serenos momentos que decido abrandar ainda mais.

Tudo me passa pela retina, semi molhada de brilho,
semi cheia de sonhos, semi feita de vento
que deseja envolver-te.

E nesse momento,
tudo faz sentido
tudo perde o nada que me dizes
ser.

Porque o nada irá concretizar-se.
E eu te beijarei no além,
no limiar da minha imaginação
tornada verdade.

Meu sonho? És tu meu amor.
Meus olhos, minha retina vê,olha apenas para ti.

E confiante em meus passos estou
porque lá ao fundo, vejo cada segundo a escapar-me
como areia,
cada momento a sair como bala fugida
de arma perdida,
cada momento que passa,
está mais perto a tua chegada.
Mas mesmo assim abrando esses segundos
esses momentos que passam,
neles, aprecio cada momento.
Meu amor. Como é tudo tão belo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Monumento

E foi assim.
Desta forma nada habitual,
que me encontro
na minha sala de espelhos,
já nada desfeitos
feitos de luz.

Onde será?
que está esse sol
que me ilumina?
Que me mostra
os passos que já dei
e os que irei dar
neste caminho
construído na certeza
mas cheio de inconstante beleza.

Revejo-me nestes pedaços
de espelhos que quebro
eu com minhas mãos
sem sequer duvidar
do que existe em frente.
Como quem deixa de ser demente
arrisco a levantar o que ainda existe.

De sorriso feito parvo,
penso em construir um pequeno monumento
feito de todo o benevolente
pensar que me ofereces
com o teu jeito.
Construo o meu pequeno monumento,
em todo o pequeno momento
que desejo dizer-te o que estou a pensar.

Em teus braços, sou eu e apenas eu.

domingo, 7 de março de 2010

Certeza das incertezas

Conto com mãos largas
todos os momentos de incerteza,
todos tecidos pela tristeza
do olhar que nunca vi,
do sonho que nunca tive
dos braços que nunca senti.

E nesta vida onde as certezas são
incertezas,
onde os riscos fazem de homens
verdadeiras proezas,
Suspiro a um divino sorrir
que oiço do outro lado.

Não estás aqui, mas estás.

Sinto-o, sinto-te em cada passo incerto
na certeza, na falta de dúvida
de que estás aqui.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Que frio estava

Quando sonho
sonho de mente vazia,
como homem sem moradia
que vive em degraus.

Lá sentado, perdi-me neste rasto
que leva-me gentilmente, sem arrasto
nem força que seja demais.

E assim, com olhos desenhados
pelo giz dos teus desgarrados
e brilhantes abraços
que sinto apertados contra meu corpo
frio de nada sentir.
Encontro-me sem ter de fugir...

Sigo o rasto
como quem mais nada vê,
aqui e agora desejo perder-me
Nesse abraço teu que sonho ter.

Estava frio...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tentativa

Ao som deste mar,
sorrio sem ter vontade de o fazer.
Um tolo não perde nada
quando o nada tem,
e sorrir faz sempre com que
tudo pareça mais fácil.

Se sorrir, e fingir
é porque te quero bem.
Não existem motivos
com que te preocupares
nada fica em mim
sem ser as saudades,
o adorar, de um naufragado
abraçar que imaginei vezes
e vezes sem conta.

Sorrir, faz com que pareça mais fácil.
Pena que quando sorria,
uma lágrima brilhe.
Que quando me perguntes
com essas palavras não tão raras,
se consigo olhar em frente
te responda de olhos fechados.

Sorrio, porque uma lágrima cai
para a palma de minha mão.
Ela aquece-me. Ela diz-me
que o que sinto
não é ilusão.

É mais forte que eu,
porque agora sonho
em sonhar contigo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Som de Fundo

Seguro uma caixa
como se nela guardasse a minha vida.
Seguro-a tão gentilmente contra mim,
sem saber o porque reajo assim
contra tudo o que lhe toca.

Imagino que nesta caixa
está uma ponte, tão grande
que me toca
que me liberta
que me faz viajar.
Sonhar Quiçá,
para um monte Olimpo meu.

Mas de que serve ter um monte
tão olimpicamente conseguido
se os salões estão vazios?
Se as estradas estão desfolhadas
de sorrisos?
desmembradas de andares?

é um barulhinho que oiço ao longe...
A minha caixa, abre-se e nada é revelado.
A minha ponte? sou eu que a prego
e martelo neste monte.
Os meus dedos vão doer de tanto falhar
mas vou a construir...
De por onde der...

Atrevimentos

Se por um instante me atrevi,
a dizer que não
perdoa-me por sentir
que o meu mundo já
não sou eu.

Digo não ao que os meus olhos
vêem, com todas as certezas.
Factos tornam-se mentiras
que facilmente quebro,
vergo-os como metal
derretido pelo
meu calor. Este calor
que é teu, exclusivamente teu.

Destruir é mais fácil
que tudo, por isso destruo
os factos que nos distancia
e em um dia frágil
de segundos
que eu irei distorcer,
para que o minuto pareça uma hora
o segundo um minuto
a hora uma eternidade,
Irei ser um cavaleiro eterno.
E em meus braços
encontrarás uma segurança
que nunca necessitaste
mas que ta darei de qualquer forma.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Minha Querida

Que há, minha querida,
nesse piano que tocas?
Que há mais? Do que peças
que pedimos?
Sons que imaginamos ouvir...

Sinto-me com sorte
por me sentar ao lado desse
piano,
onde as gentis mãos
tocam as severas teclas,
onde o branco e o preto
parecem tão distintos
e não existe nenhum cinzento...

Adoro ouvir-te.
Nem que seja a rir,
por cinco segundos
escassos,
esquecidos do cinzento
e monótono,
quebrados por esse mesmo rir.

Sinto-me com sorte,
porque me atrevo a sonhar...
Junto deste piano,
junto de ti, minha querida.

Festa, Bolo e Velas

Vejo uma mesa,
repleta de novidades
longe de saudades
perfeita e por decorar.

Que me dizes?
Tenho aqui um bolo,
uma festa em teu nome
de certeza que irás gostar.

Vamos decorar esta mesa.
Em seu redor,
irei sentar todos
os que estão
quer seja um bom, ou mau dia.

O mais pequeno irá decorar
o bolo com as velas,
chamas quentes dos abraços
que ele certamente te dará.
Os restantes irão, como tu,
olhar para ele.
Não vá ele sujar-se de bolo!

Uivante.

São estrelas que colidem.
Esmagam sonhos no vazio
com que sonho todos os dias,
nestas distantes saudades
do ar, que senti,
que por momentos senti
junto de mim.
Expiro-o para mim...
sou egoísta.

Revelo-me perante o escuro
mais negro que preto,
mais fraco que brancos,
pálidos suspiros
que me roubam de mim.

Tudo nisto é a distância
do meu ser,
é a saudade do meu viver,
é o vazio de nada ver.
Um cego, cegado pelo negro
que ele cria
em cada andar,
feito de pesar
que não se mostra.
Sou um forte fraco
porque em tanto que seguro,
e em nada posso ser segurado.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Caminhante

Sem sol que seria do meu mundo,
tão pequeno?
Que seria da terra onde estou
se um sublime brilhar
não se atrevesse a estar?
Um iluminar
que me toca
todos os dias,
mesmo sem nunca cá presenciar
o momento em que os meus olhos
descolam para um novo dia.

Tenho mil pensamentos
que correm neste mar
onde nada existe.
Se nada existe então
algo existe,
existe o nada, o silêncio
das vozes que vieste silenciar.

Ajuda-me aqui a imaginar
um momento
onde tudo é um detalhe
que conheci
sem saber.
E nesse detalhe perco-me,
como um viajante sem rumo
abraço a cidade do teu ser.

Perco-me nos passos que desconheço,
peço direcções e sigo setas
até chegar ao centro
ao coração dessa cidade.
Estarás lá.
A tua presença
será o detalhe que mais
me fascinará.

O que se passa

Que dias despidos de razão
de sentir, de emoção
de qualquer uma vontade
ou sequer liberdade
para me moldar o caminho.

Até que uma luz,
pequena brilha.
há algo nessa luz
que me mantém colado a ela.

Pode não ser a altura ideal
mas quando é que existe
momento certo?
Momento onde partilhar
um segredo que existe?

Os meus segredos
são suplícios
doces da vaga ternura
que tento pulverizar sobre
o meu olhar.

Olho para esta luz,
neste dia, nesta noite
não tão fatídica
agora que ela está presente.

Dar-te-ei um dia que
nunca termina.
Deixa-me ver para além
desses fabulosos olhos
que não consigo alcançar.

Dar-te-ei uma vida
longe de perfeita
mas toda ela vivida
rica de tudo o que
posso dar.

Dar-te-ei o que sou.
Um guardião que em sigilosos
passos,
conheceu cantos de casas
de igrejas
de selvas e fronteiras,
raros e comuns lugares
cada um individual e colectivo
na sua própria forma...
Com esses lugares
Cheguei de algum modo a ti.

Levanto-me do quarto
e nas telhas proclamo tudo.

Não sou messias
mas profetizo
que serei feliz
se não negar
o "algo" que há entre nós.
Se aspirar a juntar o teu céu
ao meu.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sigilo

Escassos empurrões,
que não comovem multidões
são dados de modo
a seguir o que há
por detrás da bela fachada.

Vá... já é tempo
de cessar com o fogo
de artificio
que fazem perante os estranhos,
que balançam entre os desconhecidos
onde a imagem aparenta ser um espelho
do que não é conseguido.

Já é tempo de cessar
com os empurrões
os regateamentos de emoções.

parem de me empurrar...

Fico sentado quieto no meu canto.
Paz? já não a dou...

Guardo a pouca que tenho para mim.
Sou egoísta, e cruel.
Abraço a minha almofada
e tenho sonhos cor de mel,
desenhados de doçura.

Um dia chegará a minha vez.
Irei conseguir dormir a noite
sem ser assombrado pelo dia seguinte.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Um Pedido

Não te digo,
Prefiro manter em segredo
a cara que faço quando sonho te ver.
Porque sei que não tenho poder
para concretizar esse meu sonho...
Por agora.

Não te digo,
prefiro manter em segredo
o que tenho para te dizer.
Prefiro que o oiças de mim,
todas as letras que soltarei
num dia que não terá fim.

Prefiro não contar
tudo o que há para dizer,
todas as historias que direi.
Tanto existe para aprender,
há tanto ainda para descobrir
porquê apressar o que ainda
pode nos fazer sorrir?

Lê bem isto.
Não te digo para te desafiar,
Atreve-te a sonhar.

Tenho metade de um coração
que prefere não dizer,
e outra metade que grita
tudo o que há.
Se estiveres atenta vais ouvir
o que sonho quando estou a dormir.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Gasto

Entre as asas do tempo
disse-te um segredo,
de que iria partir
e no mesmo instante
esperei um abraço
para mim,
só meu
que não senti...

Onde estão os momentos
que tanto adorei,
onde ficam as memorias
que encaixo
numa caixa
que atiro ao mar?

Nada permanece
nem tu, nem ninguém
irá ser
mais uma dor
para mim.


Entre as asas do tempo
disse-te um segredo,
de que iria ficar
e no mesmo instante esperei
um sorriso
que não recebi,
por isso decidi
fugir.

Fujo entre aquilo que
considerei verdadeiro
dentro de mim,
evado tudo
o que pressinto que
me irá atingir.

No fim deste mundo
irei ver o outro eu
erguendo-se
como muralha de Cimento
separando-me de si.

Entre as asas do tempo
disse-te um segredo
de que te ia adorar
e no mesmo instante
nada esperei,
apenas fiquei
sem sorrisos para dar,
nem abraços para oferecer
porque não há luz
que leve a ti.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A minha partida

Tomei tua mão
neste oceano
de fogo que alimento
em mim.

Se por recalcados momentos
soubesse que este
seria o desfecho, segurar-te-ia
mais junto a meu peito
todo ele imperfeito,
rasgado de conceito pacifico.

De dedos entrelaçados
dir-te-ia o que conseguia
fazer com a presença da tua
ausência... um doce nada.

Apertar-te-ia contra
o que me resta.
Tudo em mim não presta...
são meros factos,
solenes verdades
que fogem enquanto
tento apanhar algo
que me segure
que me proteja...
Solenes verdades do meu coração.

Não cheguei ao meu
destino mas tu chegaste ao teu.

Felizmente para ti, eu já não
sou eu. Não me conheces
logo não tens com que te preocupar.

O meu céu
é de impossível traço.
Impossivelmente carregado
por outros ombros.
São meus. É meu este céu...
Só meu doce rainha,
Aprendi que não o posso partilhar.

Levanto o escudo novamente
e desta vez tenho armadura.

Assim Afogo-me
mais rapidamente
menos conscientemente
da ausência de uma rainha
que talvez fora um sonho...


Não. Ela foi verdade.
Ainda me lembro do calor que nela há,
ou havia, para mim.

Adeus.

Sou um mero soldado,
indigno de caminhar nesses passos,
de respirar esses ares que respiras
minha Senhora.

Devo apresentar-me:
Sou aquele que não conheces.
Que irá partir para serviço,
para batalha que já perdeu.

Mais não a maço...

Faço a minha dolorosa vénia
e afasto-me.

O meu Oceano de fogo recebe-me.
Imortal como sempre,
só ele é eterno...

Tenho um Fantasma

Tenho um fantasma
na minha casa.
Uma alma penada
que surge sempre do nada
que olho ao espelho.

Os reflexos dos meus olhos
são desiguais:
Jazem neles sonhos...ou restos deles.
perpendiculares ao
meu frágil ser
a minha falta de poder.

Tenho um fantasma
em casa,
Que me trespassa ao pensar
e quanto mais penso nele
mais me torno nele.

Assombro tudo
até ao seu fim...
Tudo em que toco não permanece
junto de mim.

Ultimo

Tão sucinto e directamente
se apresentam palavras
que deveriam ser de amor
mas passam a ser palavras
que partem corações
sem qualquer rodeio
nem qualquer fervor.

O Brilho da minha poesia
desvanece...
Ela já não está aqui,
e com isto
tudo que já não fazia sentido
muito menos faz agora.

para que escrever?
para que continuar
a respirar o opaco ar
que se apresenta a mim
como contaminado?

Utilizo uma arma,
todas as palavras que me digo
ao espelho
são verdadeiras.

Sibilo agora tudo... Tudo
o que deixa de fazer sentido neste mundo:
Eu.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A força que me dás

Quando passeio, mostro-me
minhas mãos tão frias,
tão fracas e banais.

E nestas mãos
que tento aquecer,
mesmo sem poder
sou eu quem tem que o fazer...

Eu se soprar,
sei que seria frio.
Para que arrefecer o que já
está frio, nada de eu?

Eu sei que sou quente como um cobertor.
Que aqueço quem se aproxima,
quem necessita e até quem simplesmente
quer calor.

Mas onde vou eu buscar tanto quente
que não sinto para mim?...

É quando vejo,
ou sinto um vibrar
são as novas tecnologias
que me estão acordar.

és um quente que me guia,
onde o meu dia principia.

Por momentos esqueci-me que estava vivo,
e aí adormeci em braços roubados
que me escolheram,
sem saber quando e como
fiquei ali sem mais
reclamar.

Se pudesse encostava o meu céu ao teu.
Para te mostrar quem se perdeu
como fui eu,
e como estou.

Sinto-te aqui.
Algo mais que um ombro onde
me deitar,
alguém com quem me
posso alegrar
e me mostrar.

Ausência

Falta-me algo.

Por petulantes perguntas,
saltitantes que me bombam
assim como o sangue que
corre, Tento eu
embora seja uma tentativa falhada,
Correr com essas perguntas que
me tocam cada vez mais.

Falta-me algo!

Mas o quê?
Quando e como?
O Porquê?
Será como?
Onde virá?

Rosno um tributo a mim mesmo,
afinal nada nunca me pareceu tão claro.

Sou apenas algo que detesta,
e detesta detestar.

Falta-me algo...
suspiro enquanto fico farto
de levantar um escudo.

Ao que me é respondido
com grande sensatez:
..."Procura-o."

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sabes?

Sabes?
carrego fantasmas em olhares,
carrego almas em magníficas
estantes que me seguram
enquanto escrevo este momento.

Sabes?
Carrego fantasmas sem olhares
que te fitam sempre, sempre
como um nunca que irá chegar.

Sabes?
O quanto preferia estar longe
daqui, o quanto adorava
tua voz sentir?
O quanto iria sorrir
com o teu rir?

Sabes...
Estou carregando fardos
feitos de fardas vermelhas e pretas.
Cachecóis brancos impuros
negros dos subúrbios
onde caminho.

São pessoas e imaginações
Carnes e ilusões
que me passam pela retina,
desmedida e sensível
á luz desse teu sorrir.

O que dava para estar ai.
Sabes?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Espasmos de Memorias

Conforto-me em memórias,
teclas perdidas
que toquei na minha vida.

Saltamos portões,
grades e trovões
que imaginaram impossíveis.
Somos perdidos e inalcançáveis
eu e tu.

Mas quem és tu,
e quem sou eu?
Que razões temos nós
para nos atirar?

Eu ouvi a tua voz
bem dentro de mim.
contudo, a fúria era maior
que um tornado em si.
Para tudo calar
com silêncio de vozes atormentadas.

Será que todas as razões
que me das
são apenas mentiras?
Compras tempo com palavras gastas?
Ou atira-as contra um vento
que carrego em mim
Alimentando o tornado?

Conforto-me em memórias,
teclas perdidas e partidas
que não me atrevo a tocar
nunca mais.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Rodeado de quê?

Espero um misticismo
um ténue ar de
mistério do que me
rodeia em rodeios
de rasgantes fogos.

Em todas faces que me mostras,
serás mistério.

Mistério de momentos
vagos, feitos de Luares
não transmitidos pela Lua.

Ainda Sinto o sabor da Relva
nos meus pés,
o Ardor do seu cheiro
nos meus ouvidos.

Tudo Arde.
Tudo é Fogo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Imagino.

Quando sorris, imagino eu
que é um momento solene
onde o triste que to tire
deveria ser alvo de uma ira
qualquer.

Quando falas, imagino eu
que é um pequeno segundo
esticado pelo tempo
que quando é interrompido
devia ser o triste perseguido
por uma multidão qualquer.

Quando choras, imagino eu...
Imagino que não imaginas
a minha vontade de te abraçar
ou de te arrancar
umas palavrinhas de riso.

Minha boa disposição
nasce todos os dias,
porque existe um sol por ai.

Mesmo que nunca o tenha visto,
que nunca o tenha ouvido
sentido e sofrido
penso que não pensas,
ou não imaginas
as vontades que são minhas
plenas de te avistar.

Continuo sempre
no tal oceano que te falei.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desejos

Se te visse por um momento,
desgraçado de graça
poluído de luz,
que me diriam minhas vozes
que me guiam entres as nozes
dadas por Deus a minha pessoa?

Se te tocasse por um momento,
proposto de becos sem saídas
imaginado em realidades infinitas,
que me diriam meus olhos
que me fitam entres os espelhos
oferecidos por todos vós?

Não te toco nem te vejo.
Não te sinto nem te avisto...

Perdoa-me por não conseguir
perdoar, mas estou cansado
de tentar olhar
de tentar tocar
o que estará sempre longe de mim.

Tenho sede...
E tenho Frio.
Ao menos algo tenho.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Imortalização

Por momentos tento sonhar,
ou melhor, imagino coisas
que são pequenas
mas grandes na minha curiosidade.

Como falarás? Como sorrirás?
Como rirás após piadas
secas e sem graça,
como refilarás com o tempo,
ou com um azar
momentâneo infortúnio
que tenta te atrasar?

Sim tentativa porque não conseguem.
A rainha das mil percepções
vê sempre algo de bom.

Tens uma luz que guia,
passos de angélico porte
de fracas escuridões de
sorte.

Perco-me a pensar
se um dia esta curiosidade irei matar.
Se irei receber o dito choque,
a dita vontade de te analisar.

Sonha feliz e serenamente.

Atrevo-me a sonhar como tu
durante um momento.
Não consigo, copiar tal
coisa seria ultrajante,
és demasiado única.

Engenharia de vida

Somos construtores
de pirâmides que sonhamos
com áridos desejos de ser,
lagos estéreis de entender.

Somos construtores,
bloco a bloco criamos
e idealizamos vidas feitas
e não vividas, sempre utópicas
idílicas.

Será que existe uma construção infalível?
ou apenas iludimo-nos para pensar assim?

Será que haverá quem aponte os defeitos?
Ou simplesmente temos que ignorar e ser ignorados?

Ignoramos as pirâmides dos outros
e vivemos com as nossas
desprovidas de realidade.

Blocos de areia que se desfazem
com a água da realidade
que brota quando despertamos.

Brotai terna água.
Desfaz-me. Desfaz tudo o que construí.

Oportunidades Nulas

Desejo ter uma moeda.
Uma moeda para atirar
ao lago de desejos,
onde nada é possível
e tudo é impossivelmente
feito. Como um Milagre comum
que nos surge dia após dia.

Desejaria ser mais do que
um aroma que passa pelo ar
que trespassa o olfacto
de todo o animal que
entra em contacto.

Desejaria ser mais do que
um pequeno animal
que teme os aromas da vida
que se perde nas vontades
invictas de força.

Desejaria por um momento
ser eu. Ser um pedaço
meu caído do céu
que não desenho,
do momento que não sonho,
do segundo que não tomo
nem aperto bem junto
do meu gélido ser.

Aqui.

Soletro tão saudosamente
o que fui na tua ausência.

Estou aqui nesta cadeira,
um cadeirão de duvidas
que me tomam por garantido,
que me choram sem sentido,
sem vontade ou perdão.
Mas continuo sentado
ouvindo os seus choros
onde a angustia predomina
as palavras soltas que eu
devia parar.

Serei surdo? Ou apenas desejo ser?
Onde o medo se mantém
e o desejo de o ser
se torna mais forte
pergunto-me:

Se apreciar o silêncio
que não oiço
irei detestar as vozes
que me tomam?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Fantasias

Esculpo distancias
com véus estrelados,
feitos de peregrinos
e cavalos alados.

Todos se dirigem para um sonho,
que se expande e estica,
que me consome e me medita
nos poucos momentos
que sinto ser eu.

Neste céu,
percorrido por alados equídeos
fito os meus pensamentos
peregrinos das minhas verdades,
Sultões das minhas realidades.

Confusão

Sou feito de mil e um mendigos
ricos de sonhos, pobres de almas
e vendidos de vontades vencidas.

Mendigamos por um pedaço de alma,
por uma vontade, uma guitarra de
uma corda só.
Não pedimos muito,
mas muito recebemos, mesmo sendo
nada do que pedimos.

Que fazer?
Fazer com que resulte.
Com que o pedaço de madeira
e cartão que achamos
seja construído em algo que pedimos.
Numa Vontade, num prazer,
num momentâneo ardor
feito de algo que não
o que queremos
mas o que sonhamos que é.

Somos Mil e um.
Eu sou aquele um,
apenas mais um na multidão
cuja cara é sempre desconhecida.

Ilusões

Reconheço que uso uma mascara
total ela elaborada com detalhes,
importantes sinais
que me mostram como Divino
e Maléfico.

É uma mascara Negra
que sugere que só existe
o mal, e a vontade de exorcizar-me.
Embora reconheça a minha inocência
prefiro considerar-me impuro.

Assim ao menos tudo e
muito terá uma lógica.

Quando a ponho,
nada nem ninguém me toca.
Todo o meu mundo é intocável
sem qualquer paralelo.

Ela salva-me, minha negra mascara
que esconde o que sou
a quem quero mostrar-me.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não perguntes.

Que me dirias se
tivesse a pergunta que
nunca fizeste em minha mão?

Olho fitamente para os olhos
que nunca fecham, imortais
olhares que se encerram na
tua cor, que me satisfaz
sem eu saber.

Vem sentir a chuva,
que perpétua com
as pequenas perguntas,
gotas que gostam de
me molhar ao sabor
do tempo e do que
vejo sem parar.

Todas as perguntas
tentam afogar,
como o seu peso
aquele que se debate.
E no seu poder,
reside um falar que não existe.

Palavras que não ditas
são insinuadas
do que foi perguntado.

E suas frases não feitas
tem impacto que não sonhas
nem com esses olhos
de essa cor.

Despertar brusco

Nos pequenos cantos da minha mente
existem grandes melodramas,
mil e um programas que passam
para me entreter nas horas vagas.
Mas novelas é que não são!

São Quintas de informação
prestes a ser colhida,
seleccionada e escolhida
pela ceifa do meu analisar.

Tanto analiso e pondero
que por poucos momentos
esqueço-me que me telefonas.
O telemóvel vibra sem qualquer
piedade pelo meu indagar.
Chamas-me, ou melhor dizendo,
estas a forçar o meu Acordar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Verdes

Tudo é alegria.
Tudo é, um mar de verde
que salta para nós
que nos banha no nosso
dia a dia.

Verdes esperanças
teces com olhares
que me lanças.
Tudo é Brincadeira,
tudo é vontade de brincar
de alegrar
de sonhar.

Não a Percas.
Essa alegria brincada,
essa alegria pintada
de verde que eu desconheço.

Continua a banhar-nos,
Com esse teu mar
onde tudo é
o que não se consegue explicar.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Lâmpadas que escurecem

Entre num quarto antigo
que me apelida de menino
e me sufoca de tanto mimo.

Existe apenas uma lâmpada,
uma luz que balança
numa única da dança
de contraste.

Nesse contraste encontro
um porto seguro
ora coberto de luz,
ora iluminado de negro.

Para regressar de onde vim?
Era sorte.

preciso de sorte,
Terás alguma para me vender
ou dar?
Uma que me entregues
ou que me farás recusar
ser eu mesmo?

Dá-me Sorte...
Neste véu negro de Luz
que me ilude.

Onde ando

Quando vejo
o caminho ali estendido,
pondero em atravessar
a tal ponte
que me falaste
da qual se vê
o sol mais belo
junto o mar mais sereno.

De mãos frias,
caminho eu para esta
ponte no céu
sem saber onde me abracei.

Vou confiar,
nas tuas palavras
e sonhar mais alto,
sonhar chegar a ponte
de onde tudo virei.
De onde tudo conhecerei
sem qualquer significado escondido.

Dedico-te.

Roubas luzes,
Incendeias momentos
Todos eles teus.
Incríveis e cheios de
Nada do que é comum.
Há algo ai,
Ai nesse teu sorrir.

Recordo-me bem de tudo
Ensinado pelas coisas
Sábias que não me disseste.
E com a certeza de que serás sempre
Nada comum, deleito-me a
Dedicar-te este pequeno momento.
Escrevo para te desejar
Serenidade. Como o teu sorrir.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Sons Inaudíveis.

Atrevo-me a lançar
o que tenho ao ar.

Fartei-me de passos cuidadosos,
estradas demasiado compridas
com artérias entupidas de
gentes e sonos sinuosos.

Queria eu poder sair...

Um sonho, uma vontade será
ela sempre fugir.

E assim como um concerto acaba,
acabo eu com uma palavra final
que direi no momento oportuno,
no momento que perduro
numa eternidade de falácias
com que co-existo.

Espera para ouvir
o que tenho para dizer,
será breve
tão breve que talvez nem consigas
apanhar os curtos sons
que digitarei a ti.

Entre o que digo
e o que faço
mantenho coerências,
que manténs tu
entre falar e fazer diferentes?
Será que pensas que vives
em diferentes presentes?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Brincadeiras de Adultos

Perguntas, questões.
Serás feita de mistérios?
ou apenas cobres o que escondes
atrás de um pano sedoso
e cremoso de omissão?

Que jogo é este o que jogas?
Vá, incita-me.
Passa algo de vermelho pelos
meus lúcidos olhos
que aguardam um passo em falso.

Será que passarás de caçador a presa?
Ou ficarei eu cego pelo simples
pano com que me cegas?
Até que a espada da verdade entre
suave e docilmente em mim?

Sou um jogo não sou?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O quarto

Quando cheguei,
já não haviam janelas.

Atirei minha mão contra a porta,
rodei a maçaneta e
Entrei cuidadosamente,
pelo ranger da madeira no chão.

Nada.

Não vejo nada.
O sofá que devia estar já não está
O quadro que devia ser já não é
a secretária que devia permanecer
imóvel, intacta a minha espera
desapareceu em mil pós
de mil criaturas que a roubaram.
Talvez térmitas.

Subi ao meu quarto,
ao nosso quarto.

Nada.

Nem cama, nem cabides.
Nem espelhos, nem gavetas
onde arrumava as minhas emoções
como meias, cuidadosamente enroladas.

Nada.


Suspiro. Para onde olhar?
Se é o nada que há?
até as paredes que ainda existem
ficaram sem cor.

Agora deito-me no chão
marcado pelo que não há.

Tudo o que tenho,
é porque não tenho nada.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pergunto-me

Porquê?...
Porque tens esse lado que me fustiga?
Eu Fujo, e fujo,
por partes desconhecidas
partes para sempre perdidas
do que eu, desejei ser.
Mas a tormenta do teu olhar
que revolta tão singulares
almas que carrego como fardos
carregados de negro em mim
é suficiente para me abalar.

Tempestades? São água e chuva,
que derramam gotas de amar
em mim.
Derramam o sonho desfeito que sou eu.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Defesas

Sobre um lugar,
distante ou pequeno;
perto ou grandioso;
Encontro-me.

O querer ou não,
deixa de importar
assim que existem momentos
em que sinto que faleci.

Que faço?
Reconstruo muralhas mentais,
os buracos tão fatais que conheço.
Sobre o que construo isso?
Boa pergunta.

As vezes seria tão fácil saber
o que fazer, para onde olhar
se na verdade soubéssemos
que solo estamos a pisar.

Fortaleza

Se é a solidão que te toma,
toma esta minha espada.
Que ela te conforte
e te proteja daquilo que eu não
consigo alcançar.

Se é de alguém que necessitas
então toma lugar ao meu lado.
Sem vergonhas nem tolices,
deixo que te encostes
sobre este corpo jazido.

Sou homem mas túmulo
para o que me pedires,
Um túmulo que ouve:
não deixa com que o ar que respiras
dentro dele
seja desperdiçado.

Um túmulo que te deu a espada
que ficara sempre do teu lado.

Buscas infelizes

Que bates e empurras com tanta força
contra a desesperada e cansada mente
que tanto te protege do resto que
crias, ao olhar vidradamente
para o que deixaste?

Porque insistes?
Tudo se queima por tanta
força feita,
atritos que ardem
em vontades que se desfazem
em precariedades de sentir.

Tentativas e erros existem
para aprenderes,
mas tentares e errares tanto
sobre algo que já devias ter aprendido
fatiga-me.

Porque é que procuras
acertar no que já falhaste?
Lamento mas a minha capa
não carrega quem a deseja cortar.

Presença Fingida

Inspiro por breves momentos.
Brevíssimos momentos feitos
do mesmo ar que respiro,
onde solto tudo que há para soltar.
Digo tudo o que a dizer e a divagar
contra uma parede de ninguém que me ignora.

Serão tão débeis minhas poucas palavras,
cansadas de querem se fazer ouvir,
por um breve suspiro onde ele possa
florir um pouco mais na mente
de quem finge estar distante
mas esta presente.

Serei assim tão fraco que
um mundo que tenho em mim
seja tão facilmente ignorado pelos demais?

Toca-me, sente-me. Estou Aqui.
Triste e só aqui. Como um parvo a chuva,
como um idiota sem ideias
um pássaro sem asas
um guerreiro sem espada
um homem sem alma!

Onde paro eu
se ninguém me vê,
nem eu me vejo
neste nevoeiro de corpos
que me ultrapassam
Na corrente de tudo o que é
este momento em que inspiro.

Estarei a sonhar
ou a delirar um pouco mais
com os meus sonhos acordados?

Acordem-me lentamente
para não me espantar novamente
com o fraco fabrico que tenho,
com as peças defeituosas com
que a fabrica me fabricou.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Enquanto ele Subia

O sol subiu
assim como eu desci,
para uma cama, pronto a descansar
de todos os momentos banais
que nunca são iguais,
que me fatigam demais.

O sol subiu
iluminou tudo ao meu redor,
tudo foi fulminado por poder
menos eu.

Ele subia
enquanto eu descia
cansado de nada, que não tinha nas mãos.
E pintei em pequenos momentos
num olhar muito pequeno
uma vontade tão grande
que era de descansar.

Ele subia
enquanto meus olhos desciam
para o meu céu
escuro, sem luz. Sem ninguém.

Sou o dono da minha fábula
que de nada é iluminada,
sou o dono desta tábua
onde nada, sou eu.

Ponderar

"Este não é recente. foi escrito já a um tempo dentro de uma aula em que não estava presente."

Se ponderas em ponderar,
ponderas se consideras
o que desejas ponderar
importante o suficiente
para ser objecto do
teu indagar.

Em que ponderas?
Teus olhos são
mil enigmas,
teus gestos são
mil puzzles
devidamente espalhados.

Desejas ser um enigma?

Não tenho tempo.
Gosto de Enigmas,
Sem duvida que sempre gostei.
Mas agora estou fatigado
só de tentar resolver aqueles que são meus.

Deixemo-nos de puzzles humanos
plásticos e inúteis.

Deixa-me descansar.
Deixa-me para de ponderar
no que me irá acontecer enquanto a alvorada
se ergue no limiar do mundo,
e eu fujo para o outro limiar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Chegaste

Quando chegaste,
entraste pela porta da frente
saltando o portão
que ele deixou de guardar.

E entre passos vieste ter
com o que foi deixado em momentos,
sem um abraço apertado
para o confortar.

Um olhar, foi exclusivamente
dado com sentimento
suficiente para o assombrar.
Entre um sorrir semi-cerrado
ele olhou para ti.
Sem jeito, depois das noites
que suspirou,
atreveu-se a levantar as mãos
e pediu para sobreviver.

O segredo mais bem guardado dele
é que adora teu olhar,
ele é suficiente para
fazê-lo parar de pensar
nos dementes que muito lhe tiram
sem nada lhe devolver.


Não partas, não.
Aperta-o agora
sê o seu segredo
que rolará entre lábios,
sorrisos desencalhados
que voarão contigo.

Em cada beijo teu
perderá ele uma ferida sua.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nao posso.

Espelhos desfocam
o que sou na realidade
perante tal imagem maldita,
enquanto saboreio o sabor intragável
da culpa, por actos
solitariamente meus.

Vejo-te distante,
mais distante do que estás.
Não é apenas um
oceano que nos separa,
são palavras que não disse
e que disse para me mentir.

Agora resta o que nunca foi,
traços indelicados:
Alimento o andar
com cada passo imbuído de tudo
o que tenho que fazer só.

Não te posso aproximar
mesmo que o quisesses.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Combustão Instantânea

Será que sentes o frio?

Quando ele me envolve
num manto de prata
que me torna rico em
sagradas distancias,
linhas que não devem ser quebradas.

Desenho no chão
com um marcador as fronteiras
do meu ser,
do que sou, do que devo saber.
Mas mesmo ai,
por tanto rabiscar
acabo por me perder
em meus traços que não são dirigidos
por mim.

Por petulantes momentos
onde nada distingo
nem eu nem o outro
Deito-me fogo:
Assim ao menos uma luz
brilhará no meio desta Escuridão.

No lado Cinzento do Arco-íris

Pinto desastres de verde,
ultrajes de segredo e
vontades de nada.

Consegues ver o nome
daquele que não te salva ou
não te toca
nesta hora de ganância?

Nesta imensidão,
pintas um arco-íris
de mil cores
que inventas com teu pensar.
E com essas mesmas mil cores
avanças para onde não vais.

Neste pequeno segredo
que eu ultrajo por ti,
e por ser possuidor do mesmo,
colocas-me no lado cinzento
do arco-íris.

Algures no lado cinzento
onde há céu preto e branco fundidos,
onde as luzes e escuridões,
dão mãos para afastar o que
parece tão bom e tão mau.
Abraçam-se em tréguas.
E eu? Alimento esse teu segredo
que manténs para ti.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Simples

Se respirares algo
será o meu ser
que irás aprisionar
em teus pulmões?
Como eternos flagelos
irás mesmo roubar-me
para teu beneficio próprio,
soltando a carcaça depois
quando não for necessário
quando nada mais houver
para retirares?

Se soprares algo
será o meu ser
que irás soltar violentamente
contra o fogo que arde lá
fora onde não há poder
nem existe o salgado
do teu olhar?

Respira-me e sopra-me.
Toma-me e solta-me.
Eu sou o instrumento
e tu o utilizador.

Laços

Tudo são jogos
onde evitamos fracassos,
desenhamos laços,
para evitar conquistas
de coisas que consideramos
perdidas.

Implicaremos que nada mais é.
Sabes que com essas pequenas
vontades feitas de populares
desenhos como que me laçaste,
alimentas um pequeno lago
feito de enormes lágrimas
soltas e desgarradas.

Não te afastes quando vires um mundo
ardido em água,
perdido em magoa.

Esforço vão

Deitado sobre a relva,
sobre este verde agora pintado
de negro pela escuridão
que a toca,
fecho os olhos.
Fecho-os na esperança.

Sinto toques suaves,
caricias que são
pequenos ultrajes
que me provocam a abrir-los.
Mas deverei?
Se não estiveres aqui quando
os abrir
que desilusão será...
Não és tu.
É minha mente que brinca comigo
como gato e cordel.

No fim sei que vou manter-los
fechados, encerrados para balanço.
Sinto que há algo de errado
porque deles saem água
por mais que me esforce.

Onde estou?

Como rebentos que nascem no amanhecer
recebo o sol como se fosse
a primeira vez,
perdida de viver
inculta e sem saber.

Onde estou? quem sou?
Que perguntas farei para ter
respostas?
Mesmo sabendo que a vida é
uma busca insana por respostas,
que residem em perguntas.

Onde estou? Quem sou?
Porque nasço aqui
neste pequeno momento
tão singularmente seco
e solitáriamente quente?

Passarão dias e noites
sem respostas
ao sabor de ventos
de discórdias
direi que tudo o que sei
é que não sei quem sou
nem onde estou.

Mas sei o que quero:
Descobrir o sorrir
Onde estás? Onde estás?
Meu sorriso feito de nada
Que me desola do tudo
que pergunto?

domingo, 10 de janeiro de 2010

Pintas-me?

Perco-me sempre que desejo
ser livre,
Perco-me na imensidão do azul
desenhado por breves momentos
que assisto impacientemente
por me libertar.

Sonho em sonhar
um sonho livre
livre de pensar.

Contra as cores eu me esbarro
e levanto asas ao céu
de onde nenhum véu surgirá
nenhuma noite me estragará
nenhuma vontade me esmagará.

Essas cores que me pintariam,
um balde panopliado de cores
como que jogarás assim que te vir.

Pintas-me meu anjo?
Pintas-me neste céu que peço?
Pintas-me neste momento
solenemente guardado
para sempre em mim?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Pétalas

São pétalas de rosa que
tiro ao sabor do vento.
E sem saber porquê
fito o caminho manchado de vermelho
que deixei atrás de mim
com um certo pesar.

É um mar de Rosas perdidas
como eu e tu.
Perdemos-nos no que havia,
no que foi e é:
o dissabor do nada
que nos atinge
enquanto trocamos olhares.

Exacto, já não temos nada.
Perdemos palavras e conversas
que ambos sabemos as respostas
e metodicamente acenamos e
gesticulamos, num tédio
que geramos em ambos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Perdidos em Vales

Sorrisos que não devem ser dados
são aqueles que finges todo o momento
em que te toco na cara
e pergunto por ti.

Onde estás?
Neste vale do nada
onde pedaços frios tentas reunir.
O balanço da vida foi-se
como um rio
a fluir lentamente.

Dancemos os dois
neste vale perdido onde
perdidamente buscamos o que
perdemos.

Venham as mentiras
onde fingimos de mãos dadas
sermos algo mais do que somos.

Comigo não gastes sorrisos,
prefiro que soltes essa lágrima
acorrentada ao canto do teu olho.

Não fujo pela maré
que irás fazer subir.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Apertar

Acordo para um amanhecer
como se ele nunca tivesse chegado.
E Desperto e desperto,
Acordo e acordo
como se me estivesse prestes a perder
numa cor que não conheço o nome.

Levanto-me perante este
momento que acordo
e relembro-me:
Das noites mal dormidas,
das batalhas mal vencidas
na sua invictividade.

Ergo-me agora diante o Sol
que nunca vi.
Entrego a estas cores,
estes momentos fracos
de sentido
mas plenos de sentimento,
que construí a minha volta
uma vontade, uma postura
onde o encontrar é nada
e o procurar é tudo.

Ergo-me aqui para me erguer
perante a um sol que nunca vi
mas que desejo ver.

Seguro o meu cordão
Enquanto pulsa o sangue.
Seguro minha pouca alma
Enquanto recordo de tudo...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Passos

Dou passos largos
sem qualquer noção da amplitude
com que os dou.

será que é isto Fugir?
Onde tudo me impede
de olhar para trás,
de olhos no chão
como se fosse
caminho de uma estrada só.

Parei por momentos
ofegantes
e olhando para trás
nisto reparei:
Não escapo.

Não escapo de forma alguma
de mim.