sábado, 16 de janeiro de 2010

Chegaste

Quando chegaste,
entraste pela porta da frente
saltando o portão
que ele deixou de guardar.

E entre passos vieste ter
com o que foi deixado em momentos,
sem um abraço apertado
para o confortar.

Um olhar, foi exclusivamente
dado com sentimento
suficiente para o assombrar.
Entre um sorrir semi-cerrado
ele olhou para ti.
Sem jeito, depois das noites
que suspirou,
atreveu-se a levantar as mãos
e pediu para sobreviver.

O segredo mais bem guardado dele
é que adora teu olhar,
ele é suficiente para
fazê-lo parar de pensar
nos dementes que muito lhe tiram
sem nada lhe devolver.


Não partas, não.
Aperta-o agora
sê o seu segredo
que rolará entre lábios,
sorrisos desencalhados
que voarão contigo.

Em cada beijo teu
perderá ele uma ferida sua.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Nao posso.

Espelhos desfocam
o que sou na realidade
perante tal imagem maldita,
enquanto saboreio o sabor intragável
da culpa, por actos
solitariamente meus.

Vejo-te distante,
mais distante do que estás.
Não é apenas um
oceano que nos separa,
são palavras que não disse
e que disse para me mentir.

Agora resta o que nunca foi,
traços indelicados:
Alimento o andar
com cada passo imbuído de tudo
o que tenho que fazer só.

Não te posso aproximar
mesmo que o quisesses.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Combustão Instantânea

Será que sentes o frio?

Quando ele me envolve
num manto de prata
que me torna rico em
sagradas distancias,
linhas que não devem ser quebradas.

Desenho no chão
com um marcador as fronteiras
do meu ser,
do que sou, do que devo saber.
Mas mesmo ai,
por tanto rabiscar
acabo por me perder
em meus traços que não são dirigidos
por mim.

Por petulantes momentos
onde nada distingo
nem eu nem o outro
Deito-me fogo:
Assim ao menos uma luz
brilhará no meio desta Escuridão.

No lado Cinzento do Arco-íris

Pinto desastres de verde,
ultrajes de segredo e
vontades de nada.

Consegues ver o nome
daquele que não te salva ou
não te toca
nesta hora de ganância?

Nesta imensidão,
pintas um arco-íris
de mil cores
que inventas com teu pensar.
E com essas mesmas mil cores
avanças para onde não vais.

Neste pequeno segredo
que eu ultrajo por ti,
e por ser possuidor do mesmo,
colocas-me no lado cinzento
do arco-íris.

Algures no lado cinzento
onde há céu preto e branco fundidos,
onde as luzes e escuridões,
dão mãos para afastar o que
parece tão bom e tão mau.
Abraçam-se em tréguas.
E eu? Alimento esse teu segredo
que manténs para ti.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Simples

Se respirares algo
será o meu ser
que irás aprisionar
em teus pulmões?
Como eternos flagelos
irás mesmo roubar-me
para teu beneficio próprio,
soltando a carcaça depois
quando não for necessário
quando nada mais houver
para retirares?

Se soprares algo
será o meu ser
que irás soltar violentamente
contra o fogo que arde lá
fora onde não há poder
nem existe o salgado
do teu olhar?

Respira-me e sopra-me.
Toma-me e solta-me.
Eu sou o instrumento
e tu o utilizador.

Laços

Tudo são jogos
onde evitamos fracassos,
desenhamos laços,
para evitar conquistas
de coisas que consideramos
perdidas.

Implicaremos que nada mais é.
Sabes que com essas pequenas
vontades feitas de populares
desenhos como que me laçaste,
alimentas um pequeno lago
feito de enormes lágrimas
soltas e desgarradas.

Não te afastes quando vires um mundo
ardido em água,
perdido em magoa.

Esforço vão

Deitado sobre a relva,
sobre este verde agora pintado
de negro pela escuridão
que a toca,
fecho os olhos.
Fecho-os na esperança.

Sinto toques suaves,
caricias que são
pequenos ultrajes
que me provocam a abrir-los.
Mas deverei?
Se não estiveres aqui quando
os abrir
que desilusão será...
Não és tu.
É minha mente que brinca comigo
como gato e cordel.

No fim sei que vou manter-los
fechados, encerrados para balanço.
Sinto que há algo de errado
porque deles saem água
por mais que me esforce.

Onde estou?

Como rebentos que nascem no amanhecer
recebo o sol como se fosse
a primeira vez,
perdida de viver
inculta e sem saber.

Onde estou? quem sou?
Que perguntas farei para ter
respostas?
Mesmo sabendo que a vida é
uma busca insana por respostas,
que residem em perguntas.

Onde estou? Quem sou?
Porque nasço aqui
neste pequeno momento
tão singularmente seco
e solitáriamente quente?

Passarão dias e noites
sem respostas
ao sabor de ventos
de discórdias
direi que tudo o que sei
é que não sei quem sou
nem onde estou.

Mas sei o que quero:
Descobrir o sorrir
Onde estás? Onde estás?
Meu sorriso feito de nada
Que me desola do tudo
que pergunto?

domingo, 10 de janeiro de 2010

Pintas-me?

Perco-me sempre que desejo
ser livre,
Perco-me na imensidão do azul
desenhado por breves momentos
que assisto impacientemente
por me libertar.

Sonho em sonhar
um sonho livre
livre de pensar.

Contra as cores eu me esbarro
e levanto asas ao céu
de onde nenhum véu surgirá
nenhuma noite me estragará
nenhuma vontade me esmagará.

Essas cores que me pintariam,
um balde panopliado de cores
como que jogarás assim que te vir.

Pintas-me meu anjo?
Pintas-me neste céu que peço?
Pintas-me neste momento
solenemente guardado
para sempre em mim?