quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Procura-se

Procura-se.

Procura-se vontade para alugar,
para oferecer e até confiar.
Procura-se vontade e diligência.
Procura-se tudo com tão pouca,
escassa, e mínima paciência.

Será que procuro tudo no
sitio errado?
ou sou eu demasiado errado para sequer
chegar a ter?

Vontades perdem-se no silêncio
das minhas reticências....

E Perdidas, vagas e ignoradas
arrastam-se perante o que é,
o que sou, o que me atrevo a ser:

Um resto de vontade,
um pouco mais de força
Um limiar de tenacidade
que oferece a pouca vontade
que tem, que lutou para ter,
aos que lhe seguraram a mão
enquanto lutava por ela.

Faço vontades, mas elas não me fazem.

Com isso em mente
ofereço-vos a minha vontade
feita de sonhos inacabados
e de sorrisos largos.

Que ela vos sirva que nem uma luva!
Porque a mim, nem a mais larga luva serve.

Serei feito de vontade,
de vontade de entregar.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Esquecer e recordar

Talvez me esqueça
por momentos vagos desenhados
pelos meus pequenos sonos,
daquilo que penso.

Talvez me esqueça
por sublimes espaços temporais
dos sorrisos, todos eles iguais
uns aos outros. Um copy paste...

Talvez me recorde
por longos e suaves momentos
do teu abraço genuíno
que nunca foi dado,
do teu tocar pequenino
que nunca foi ofertado.

Talvez me recorde do que nunca tive
e me esqueça do que tenho.

Sol solitário

Se me atrevesse a buscar
algo nos teus olhos
que Buscaria?

Se eu tentasse encontrar
algo nos teus sorrisos
que encontraria?

Ventos doces sopram
enquanto olho o horizonte.

Nunca um por do sol me pareceu tão triste,
falta algo nele.
Será que é porque vejo o sol desaparecer
solitáriamente todos os dias?
E assim que se esconde milhares
de estrelas aparecem,
como se evitassem o sol?

Nunca um por do sol me pareceu tão triste.

Mais triste é a tua ausência.
Desejava não ser como esse sol
mas sei que assim que viro as costas
tudo é festa que não para,
a não ser quando tento olhar para ela.

Nesta Janela

Sento-me diante esta janela límpida,
clara em todo o seu detalhe.

Observo pequenas estrelas
pequenas luzes e clarezas
que se dignam em mostrar nos
o que realmente se passa a noite.

E com as estrelas como guias
escuto os sussurrantes momentos,
os tremidos ventos
que vagueiam cuidadosamente
sopro a sopro,
momento a momento
num certo e indeciso brilhar.

Claramente neste escuro
pintado de luzes
vejo o que queria ver:
Um olhar nesta imensidão de estrelas
um olhar que me olha
mesmo que me esconda
atrás desta janela.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Duas vontades

Tenho sonhos em meus pequenos olhos.
Brotam como fontes, numa dualidade
de vontades que nem eu consigo controlar.

São intensamente vagas e rapidamente
meticulosas. Atrevem-se ao inatingível.

Sonham com o que não se atinge
por isso mesmo são sonhos,
essas minhas vontades
que saem de meus olhos castanhos.

Voam vagarosamente pela cidade
brincado e tocando em tudo,
como crianças descuidadas
como pessoas mimadas.

Sento-me agora, tapando a cara.
Parou de sonhar...
Deixem-me descansar...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Semi

Respondo a tuas perguntas
com um sorriso semi-cerrado
e de olhos no chão.

São mil são,
as coisas que digo
ou as farsas que vivo sozinho.

Sonhos que sonho sem sonhar
sem pedir nem pensar,
desejos que tenho porque me atrevi.

Comigo,sozinho aqui de olhos no chão
menino perdido, sou menos homem
do que me julgam.

Doce, minha doce, não me perguntes tanto.
Receio não ter palavras para te dar,
tou farto de as esgotar.

Fica apenas com o meu sorriso
semi-cerrado, semi-forçado.
Semi tentado, para evitar chorar.

Quem me dera...

Quem me dera ser diferente.
Não ser um ser poluente,
fruto de uma retaliação furtiva com a vida.

Quem me dera ser diferente.
Não ser um ser permanentemente
pensativo, exaustivamente analítico.

Assim, se não analisasse o que sou
manteria a minha inocente inconclusão
de que era diferente e não apenas
mais um no rebanho.

Quem me dera ser diferente.
Quem me dera…

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Que resta?

Quando se apagam as luzes
que resta?

Que resta nesses teus passos,
fracos de luz, fracos de vontade,
perdidos em caminhos que notáveis
do nada que os assombra?

Diz-me, que resta quando
os teus olhos não entendem o que vês,
quando nada compreendes
nem mesmo o que sentes?

...exacto. Restam dúvidas e questões,
feitos de pulsantes ilusões
que constróis ao avançar neste escuro.

Reticências

Tudo tem uma reticência,
uma continuidade invisível
imperceptível ou até mesmo inaudível.

Que somos nós senão continuidades
do que já foi feito?
Consequências de actos que
não são nossos?

Todo o mundo é uma plena reticência
que tão plenamente se estica
implacavelmente, como o próprio universo em si.