terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Som de Fundo

Seguro uma caixa
como se nela guardasse a minha vida.
Seguro-a tão gentilmente contra mim,
sem saber o porque reajo assim
contra tudo o que lhe toca.

Imagino que nesta caixa
está uma ponte, tão grande
que me toca
que me liberta
que me faz viajar.
Sonhar Quiçá,
para um monte Olimpo meu.

Mas de que serve ter um monte
tão olimpicamente conseguido
se os salões estão vazios?
Se as estradas estão desfolhadas
de sorrisos?
desmembradas de andares?

é um barulhinho que oiço ao longe...
A minha caixa, abre-se e nada é revelado.
A minha ponte? sou eu que a prego
e martelo neste monte.
Os meus dedos vão doer de tanto falhar
mas vou a construir...
De por onde der...

Atrevimentos

Se por um instante me atrevi,
a dizer que não
perdoa-me por sentir
que o meu mundo já
não sou eu.

Digo não ao que os meus olhos
vêem, com todas as certezas.
Factos tornam-se mentiras
que facilmente quebro,
vergo-os como metal
derretido pelo
meu calor. Este calor
que é teu, exclusivamente teu.

Destruir é mais fácil
que tudo, por isso destruo
os factos que nos distancia
e em um dia frágil
de segundos
que eu irei distorcer,
para que o minuto pareça uma hora
o segundo um minuto
a hora uma eternidade,
Irei ser um cavaleiro eterno.
E em meus braços
encontrarás uma segurança
que nunca necessitaste
mas que ta darei de qualquer forma.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Minha Querida

Que há, minha querida,
nesse piano que tocas?
Que há mais? Do que peças
que pedimos?
Sons que imaginamos ouvir...

Sinto-me com sorte
por me sentar ao lado desse
piano,
onde as gentis mãos
tocam as severas teclas,
onde o branco e o preto
parecem tão distintos
e não existe nenhum cinzento...

Adoro ouvir-te.
Nem que seja a rir,
por cinco segundos
escassos,
esquecidos do cinzento
e monótono,
quebrados por esse mesmo rir.

Sinto-me com sorte,
porque me atrevo a sonhar...
Junto deste piano,
junto de ti, minha querida.

Festa, Bolo e Velas

Vejo uma mesa,
repleta de novidades
longe de saudades
perfeita e por decorar.

Que me dizes?
Tenho aqui um bolo,
uma festa em teu nome
de certeza que irás gostar.

Vamos decorar esta mesa.
Em seu redor,
irei sentar todos
os que estão
quer seja um bom, ou mau dia.

O mais pequeno irá decorar
o bolo com as velas,
chamas quentes dos abraços
que ele certamente te dará.
Os restantes irão, como tu,
olhar para ele.
Não vá ele sujar-se de bolo!

Uivante.

São estrelas que colidem.
Esmagam sonhos no vazio
com que sonho todos os dias,
nestas distantes saudades
do ar, que senti,
que por momentos senti
junto de mim.
Expiro-o para mim...
sou egoísta.

Revelo-me perante o escuro
mais negro que preto,
mais fraco que brancos,
pálidos suspiros
que me roubam de mim.

Tudo nisto é a distância
do meu ser,
é a saudade do meu viver,
é o vazio de nada ver.
Um cego, cegado pelo negro
que ele cria
em cada andar,
feito de pesar
que não se mostra.
Sou um forte fraco
porque em tanto que seguro,
e em nada posso ser segurado.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Caminhante

Sem sol que seria do meu mundo,
tão pequeno?
Que seria da terra onde estou
se um sublime brilhar
não se atrevesse a estar?
Um iluminar
que me toca
todos os dias,
mesmo sem nunca cá presenciar
o momento em que os meus olhos
descolam para um novo dia.

Tenho mil pensamentos
que correm neste mar
onde nada existe.
Se nada existe então
algo existe,
existe o nada, o silêncio
das vozes que vieste silenciar.

Ajuda-me aqui a imaginar
um momento
onde tudo é um detalhe
que conheci
sem saber.
E nesse detalhe perco-me,
como um viajante sem rumo
abraço a cidade do teu ser.

Perco-me nos passos que desconheço,
peço direcções e sigo setas
até chegar ao centro
ao coração dessa cidade.
Estarás lá.
A tua presença
será o detalhe que mais
me fascinará.

O que se passa

Que dias despidos de razão
de sentir, de emoção
de qualquer uma vontade
ou sequer liberdade
para me moldar o caminho.

Até que uma luz,
pequena brilha.
há algo nessa luz
que me mantém colado a ela.

Pode não ser a altura ideal
mas quando é que existe
momento certo?
Momento onde partilhar
um segredo que existe?

Os meus segredos
são suplícios
doces da vaga ternura
que tento pulverizar sobre
o meu olhar.

Olho para esta luz,
neste dia, nesta noite
não tão fatídica
agora que ela está presente.

Dar-te-ei um dia que
nunca termina.
Deixa-me ver para além
desses fabulosos olhos
que não consigo alcançar.

Dar-te-ei uma vida
longe de perfeita
mas toda ela vivida
rica de tudo o que
posso dar.

Dar-te-ei o que sou.
Um guardião que em sigilosos
passos,
conheceu cantos de casas
de igrejas
de selvas e fronteiras,
raros e comuns lugares
cada um individual e colectivo
na sua própria forma...
Com esses lugares
Cheguei de algum modo a ti.

Levanto-me do quarto
e nas telhas proclamo tudo.

Não sou messias
mas profetizo
que serei feliz
se não negar
o "algo" que há entre nós.
Se aspirar a juntar o teu céu
ao meu.