sábado, 26 de dezembro de 2009

Semi

Respondo a tuas perguntas
com um sorriso semi-cerrado
e de olhos no chão.

São mil são,
as coisas que digo
ou as farsas que vivo sozinho.

Sonhos que sonho sem sonhar
sem pedir nem pensar,
desejos que tenho porque me atrevi.

Comigo,sozinho aqui de olhos no chão
menino perdido, sou menos homem
do que me julgam.

Doce, minha doce, não me perguntes tanto.
Receio não ter palavras para te dar,
tou farto de as esgotar.

Fica apenas com o meu sorriso
semi-cerrado, semi-forçado.
Semi tentado, para evitar chorar.

Quem me dera...

Quem me dera ser diferente.
Não ser um ser poluente,
fruto de uma retaliação furtiva com a vida.

Quem me dera ser diferente.
Não ser um ser permanentemente
pensativo, exaustivamente analítico.

Assim, se não analisasse o que sou
manteria a minha inocente inconclusão
de que era diferente e não apenas
mais um no rebanho.

Quem me dera ser diferente.
Quem me dera…

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Que resta?

Quando se apagam as luzes
que resta?

Que resta nesses teus passos,
fracos de luz, fracos de vontade,
perdidos em caminhos que notáveis
do nada que os assombra?

Diz-me, que resta quando
os teus olhos não entendem o que vês,
quando nada compreendes
nem mesmo o que sentes?

...exacto. Restam dúvidas e questões,
feitos de pulsantes ilusões
que constróis ao avançar neste escuro.

Reticências

Tudo tem uma reticência,
uma continuidade invisível
imperceptível ou até mesmo inaudível.

Que somos nós senão continuidades
do que já foi feito?
Consequências de actos que
não são nossos?

Todo o mundo é uma plena reticência
que tão plenamente se estica
implacavelmente, como o próprio universo em si.